terça-feira, 6 de setembro de 2022

Minhe Nota de Repúdio

Antes de mais nada, não existe “linguagem neutra”. Existe um dialeto supostamente neutro que os identitários criaram. E quem defende esta sandice é muito ignorante, principalmente da gramática e da origem do idioma português. Quem o utiliza sem impô-lo, usa-o como se fossem gírias ou ironicamente, é uma pessoa compreensível. O problema é defender a utilização do dialeto no ensino de jovens ou como o novo padrão do idioma.

O professor Noslen explicou em uma entrevista que é bobagem dar a desculpa de que “a língua é viva” para utilizar o dialeto, pois as mudanças ocorrem de forma orgânica, não artificial de forma imposta ignorando a norma-padrão, as estruturas basilares do idioma. Ele inclusive faz a pertinente comparação com o terraplanismo, que é fruto da falta de estudo, exatamente da mesma forma que o dialeto. Confira no Youtube o professor falando.

Esse dialeto é pura sinalização de virtudes, ato muito comum para quem não faz nada de útil e mesmo assim quer sinalizar aos identitários o quão virtuoso é. Ajudar, o suposto “pronome neutro” não ajuda ninguém. Inclusive atrapalha quem os apoiadores dele dizem ajudar.

O idioma brasileiro é vivo e suas mudanças ocorrem de acordo com os falantes, não com base em ideologias que a maioria nem conhece. Brasileiro pouco sabe de política e pouco se importa, até porque temos problemas de verdade. Não faz sentido importar as loucuras dos países desenvolvidos que criam problemas pois não os têm de verdade.

A Netflix adotou em certos desenhos esse dialeto, distorcendo a obra original. Inclusive há relatos de que estava até na versão brasileira, não só nas legendas. Este é o resultado da péssima educação brasileira. Má escolaridade, ignorância da própria gramática, dá nisso. Mas fazer o quê? Não é novidade nenhuma o Brasil importar o pior dos EUA para cá, só fico triste que afete até a dublagem brasileira, considerada a melhor do mundo. Mas, se continuar assim, não mais a será.

Meus parabéns à editora Joana Rosa Russo da Mythos Editora por se opor a este dialeto bizarro e sem importância. Importante é ser oposição a erros de linguagem, como é este dialeto, em publicações com um pingo de seriedade. Infelizmente, outra editora fez o desserviço de ser a favor dessa atrocidade. A insanidade só não foi tanta porque, depois, a editora declarou não interferir nos textos originais, com ou sem o dialeto. Se o autor original escreveu assim para determinado nicho, tudo bem. Só é bom deixar bem claro para os incautos leitores.

Ressalto que é importante estudar etimologia e as origens do próprio idioma antes de querer alterá-lo por picuinha ideológica ou qualquer outra besteira. No Latim, idioma que deu origem ao português, havia três gêneros: masculino, neutro e feminino. Quando o português foi construído, os falantes juntaram o neutro ao masculino, fazendo do feminino um gênero especial. Ora, se os defensores da aberração que é o dialeto neutro usam a desculpa de este idioma não ser "inclusivo", então deveriam querer retroceder e separar os gêneros que foram fundidos, até porque homem não é objeto, né? Por que será que se preocupam mais com o feminino que é o destaque do que com o masculino que foi “neutralizado”? Pura ignorância ou má-fé?

O dialeto repugnante assume algo falso para criar um suposto gênero neutro não porque é necessário, até porque é a antítese da neutralidade um neologismo redundante como esse livrar os identitários de seu mundo de fantasia onde tudo é opressão e perseguição.

Para finalizar esta nota, faço uma última pergunta: não é de se desconfiar a utilização de algo artificial quando já existe um modelo natural e eficiente?