quarta-feira, 22 de março de 2023

Liberdade

 Diego acordou em uma sala pequena, rodeado de pessoas que ele nunca vira antes. O cômodo possuía várias máquinas de lavar, pias, mesas e cadeiras. Apesar de acomodar tanta coisa, parecia pequeno devido ao espaço desocupado tão escasso.

- Bem-vindo, novo ocupante. Se precisar ir ao banheiro, tem dois ali. - disse um dos homens ali presente.

- E onde fica a saída? - indagou Diego.

- É aquela porta lá, mas ela só abre após resolver um quebra-cabeça. Todos nós aqui tentamos, mas não conseguimos resolvê-lo. Mas não se preocupe, entregam comida e água três vezes por dia para nós.

Diego precisava sair dali, queria sua vida de volta e não podia confiar que aquela prisão continuasse a dar os meios de sua subsistência para sempre. Resolveu, então, decifrar o quebra-cabeça. Este consistia em refletir determinada luz verde proveniente de um canto do chão para a porta de saída. Contudo, no cômodo, não havia espelho nem nenhuma superfície reflexiva. Diego quebrou a cabeça durante dias, que viraram semanas, que viraram meses, que viraram anos... Sem pensar em nenhuma resposta ao problema.

Um belo dia, depois de uma corriqueira briga dos que ali sobreviviam, uma perna de uma cadeira quebrou-se. Diego logo observou que algo brilhava dentro daquela perna de madeira, então pegou-a e viu que ali havia um pequeno espelho. Ele aproximou-se do canto de onde vinha a luz verde e refletiu-a, mas, não importava o ângulo que tentasse, as lavadoras impediam que a luz fosse até a porta. Era um problema atrás do outro. Mas Diego não desistiu, tentou deslocar uma máquina de lavar, mas não conseguiu. Pediu ajuda a um conhecido e os dois conseguiram mover o eletrodoméstico. E, na parte escondida dele, havia outro espelhozinho.

Desta forma, Diego conseguiu refletir a luz verde até a porta, colocando a perna da cadeira em um determinado local apropriado. Enfim, a porta se abriu e todos saíram. Todavia, lá fora havia um grande deserto. Era decepcionante, mas nosso protagonista pensou que pelo menos estava livre depois de todos aqueles anos e isso era melhor que nada.