terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A Beleza de uma Arte Independente

Jogos eletrônicos vêm ganhando destaque atualmente, sendo atacados e aclamados pela mídia convencional e virtual. E o simples fato de nosso cérebro ainda poder ser enganado facilmente por artifícios eletrônicos que nos trazem o sistema de recompensa de uma maneira impensável há algumas décadas nos faz acreditar que esse sucesso ainda perdure por um longo período.

Quando começaram a criar jogos, a complexidade tecnológica para programar alguns poucos pixels jogando pingue-pongue era imensa, apenas grandes empresas poderiam produzir e distribuir jogos eletrônicos, limitando essa nova arte de ser produzida por indivíduos, por um pequeno grupo de pessoas. Esses tipos de jogos eram muito polidos, o objetivo era que um grande público consumisse, e, talvez por causa disso, alguns não deram certo. Não que a arte comercial seja ruim, mas pode torna-se muito rasa se não houver cuidado. Sem contar que uma obra com poucos recursos necessita de mais criatividade, e há de se admirar criatura que seja tão formosa vinda de um número tão reduzido de criadores.

Divulgação


"Se você não vê um ponto fraco em alguém, não deve estar se relacionando em um nível pessoal. É a mesma coisa com o projeto de um jogo."

A inventividade humana, o ato de criar... É simplesmente fascinante como criamos tecnologia para nos ajudar, nos entreter, nos distrair... O documentário nomeado como Indie Game: The Movie mostra preocupações dos produtores antes de seus jogos serem lançados e o aconchego que recebem após seus lançamentos. Eles cresceram tendo os jogos eletrônicos como entretenimento relevante para suas vidas e decidiram se manter produzindo tal arte, com a intenção de trabalharem com o que amam e fazer outros vivenciarem a mesma experiência de divertimento com que outrora os próprios Edmund, Jonathan, Phil e Tommy puderam emocionar-se.

O encanto de interagir com a tecnologia, que avança a cada instante, é fantástica. Mesmo mexer em tecnologia de 10, 20, 30 anos atrás, e até 100 anos, torna-se quase mágico para quem não entende disso e, principalmente, para quem ainda não se acostumou com a interação. Depois de tantos anos, andar de carro, conservar alimentos na geladeira e inclusive ler livros são atitudes tão normais e cotidianos que nem ao menos pensamos como é bom, fácil e mais prazeroso ter tudo isso, enquanto há séculos não havia tantas comodidades assim.

Jogar videojogos se encaixa na categoria de tecnologias que ainda não me acostumei totalmente. Sempre me encanto ao ter essa experiência tão emocionante, tão mágica, a qual décadas atrás seria inimaginável. Nesse documentário, somos apresentados aos mágicos que desenvolvem tão magnífica arte, demonstram parte do desenvolvimento, do início dos jogos e como incluir obstáculos intuitivos para o jogador aprender facilmente a jogar. Tudo isso, independentemente. Cada um dos quatro decidiram caminhar nessa estrada tão atribulada que é solitariamente produzir sua arte e tentar vendê-la para se sustentar. Há prós e contras nisso, e costumamos pesá-los para saber se seguir esse caminho é algo bom e belo de se fazer...

DeviantArt
Quando Jogo Independente: O Filme foi lançado, o jogo Fez ainda não tinha sido lançado, e havia apenas dois jogos mostrados no serviço Steam. Atualmente, o jogo de Phil Fish já saiu para consoles e depois ficou disponível no Steam.

Fez é um jogo 3D situado em um mundo 2D, em que a mecânica é bem original, a história interessante e a jogabilidade inovadora. Um plataforma divertido por ser diferente.
Enquanto Super Meat Boy é mais tradicional, de plataforma 2D, cujo é quase um jogo de corrida, pelo protagonista ter que ser frenético para driblar os obstáculos e alcançar a namorada, a qual é uma analogia interessante, por ela ser feita de curativos e o personagem jogável não ter pele. Uma visão do criador de que é preciso ser completo. Não que dois imperfeitos resultem em um perfeito, mas talvez crie a ilusão de uma utopia concretizada.
E, como era de se esperar, deixei o melhor para o final: Braid. Esse jogo, a princípio, é mais um jogo, com visual espetacular - em que os cenários parecem ser telas a óleo -, plataforma 2D onde o protagonista resolve enigmas para avançar. Contudo, há elementos utilizados de forma inovadora como o "regressar o tempo" para o personagem corrigir erros passados. Até diálogos que parecem clichês como "A princesa está em outro castelo." resultam em um final genial. Enfim, um enredo que merece ser conferido, indubitavelmente!

Indie Game: The Movie (Jogo Independente: O Filme) está disponível no Steam, com legendas em português.
Fez (conhecido também como Barrete Árabe) está disponível no Steam, com legendas em português de Portugal.
Braid (Trança) está disponível no Steam, com legendas em PT-PT.
Super Meat Boy (Super Garoto de Carne) está disponível no Steam, sem legendas em português.

Agora só falta brasileiros serem "tocados" para criarem jogos tão bons e que sejam direcionados aos seus conterrâneos. Já que a maioria dos poucos até o momento lançados dão preferência ao público estrangeiro...

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