Entre uma
viagem e outra ele parou. Parou e lembrou-se.
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Lembrou-se dos primeiros humanos que fizeram companhia a
ele. Professores que o ensinaram muito. Lembrou-se de todos os humanos que já viajaram
consigo... Será que devia tê-los deixado ir? Será que deveria ter insistido
mais para ficarem?
Lembrou-se de todos os que morreram ou foram para um lugar
que ele não poderia mais voltar. Por que não conseguiu impedir?
Lembrou-se dos
ciborgues sem alma e de como, por mais que o viajante os derrotasse, sempre
voltavam, assim como outras pragas. Será que adiantava todo o esforço
empreendido?
Lembrou-se do
seu exílio e dos que lá conheceu. Lembrou-se do já falecido, por quanto tempo
não o viu? Seria melhor ter viajado mais com ele?
Lembrou-se do
renegado pela própria espécie e da mulher de sua espécie com que ele viajou.
Deveria ter aproveitado mais o tempo com eles? Poderia melhorá-los?
Lembrou-se de
todas as mortes, de quantos ele não conseguiu salvar. Será que adiantava ajudar
alguns em detrimento de outros?
Lembrou-se de
toda a sua arrogância, de toda a sua soberba e as consequências disso. Deveria
ter sido mais humilde?
Lembrou-se de
todos os seus estratagemas, de como fez para que os outros fizessem o que ele
queria. Será que teria sido um erro manipular os outros?
Lembrou-se de
tudo isso e muito mais.
“Sou um bom
homem?” Por fim, perguntou-se.
E lá no fundo
de sua mente uma voz ecoou dizendo “Eu não sei, mas acho que tenta ser e...
acho que é isso o que mais conta.”
E o viajante
percebeu que havia feito muita coisa errada, mas também fez muita coisa certa.
E que tinha um grande senso de justiça. Talvez todos errem, o que não deve
significar que todos devam deixar de tentar fazer a coisa certa.
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