Eu e meu povo vivíamos em um lugar tranquilo e extremamente
bonito. Nossas famílias eram alegres e felizes, tínhamos um grande espaço para
vivermos e nos escondermos de possíveis predadores, era o paraíso. Isso até
chegar criaturas que utilizam magia para nos atrair. Éramos fisgados pelo mal,
perfurados nos lábios por armas que nunca antes tínhamos visto. Não havia uma
boa alma que conseguia escapar do mal, adultos, velhos, crianças... todos
mortos. O paraíso tinha virado um inferno, ninguém mais tinha esperança de uma
vida melhor.
Até que chegou um forasteiro. Ele era parecido conosco, mas
era maior e seus olhos pegavam fogo. Ele disse que se fizéssemos dele nosso
líder, proteger-nos-ia de todo o mal. Assim fizemos e assim ele o fez. Nosso
agora líder afugentava aquelas criaturas malignas e até comia algumas delas.
Não era algo muito agradável de se ver, mas pelo menos tivemos nossa paz de
volta. Infelizmente, por pouco tempo.
Nosso líder era reservado e preferia morar em uma caverna,
longe de todos. Estranhamos, mas fazer o quê? Não era um preço alto a pagar
pela paz. Mesmo assim, algumas de nossas crianças, com a curiosidade que lhes é
natural, vez ou outra passava pela caverna, a espiar nosso líder. Sem problema,
elas iam e voltavam de lá. Até que um dia, uma delas correu apavorada para onde
eu e mais uns amigos estávamos reunidos.
- O que houve, pequena? perguntei.
- O nosso líder... Ele, ele...
E desabou em lágrimas.
Logo conseguimos acalmá-la um pouco e a infante contou sobre o
regresso de nossa sentença e morte: o poder do líder havia se extinguido. Uma
das criaturas foi à caverna e a criança estava lá e tudo ouvira. Ouvira a
criatura tentar persuadir o líder a deixar as criaturas em paz e ainda disse
morreriam de fome se não pudessem mais assassinar o meu povo. Foi aí que
descobrimos que as criaturas eram verdadeiros monstros psicopatas, não bastavam
nos matar asfixiados, também tinham o sadismo de nos devorar!
Justamente indignado, nosso líder gritou para a criatura: "Que
morram todos!", mas ela não se intimidou. Travou uma luta com ele e fez com
que o fogo de seus olhos se extinguisse! Derrotado, ele lamentou que precisaria
de cem anos para voltar a ser nosso forte protetor. E foi aí que percebemos que
não havia mais esperança...
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