Para a minha pessoa, o melhor da
Disney sempre foram os quadrinhos. Essa empresa pode até produzir tantas outras
formas de entretenimento maravilhosas, mas nenhuma já chegou perto da
qualidade, quantidade e produção em tantos países diferentes como os
quadrinhos. Até onde eu saiba, os soberbos longas-metragens chamados de
Clássicos Disney são produzidos em apenas um país, assim como as estupendas
séries animadas da empresa. Os quadrinhos, não. Eles são produzidos na Dinamarca,
na França, na Holanda, na Itália... E o seu mercado brasileiro já foi grande e
forte, sendo publicadas revistas no Brasil que não foram publicadas em nenhum
outro país, como o gibi do Urtigão, e com histórias brasileiras!
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Eu amo quadrinhos não só por
causa do Maurício de Sousa e seus talentosos artistas da MSP,
mas também pelos maravilindos talentos que já ou ainda trabalham para a Disney,
na produção de quadrinhos! E é por causa deles que escolho dezesseis para listar
aqui como os meus preferidos, e não artistas que trabalham para a Disney em
qualquer outra área. E também porque eles merecem todo o reconhecimento
sentimental possível, já que o financeiro não lhes é devidamente fornecido.
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Mas... por que 16? Bem, poderiam ser mais - e até são, contando as menções honrosas -, pois é pouco para a quantidade de quadrinistas que trabalham ou trabalharam para a
Disney e que marcaram a minha vida. Mas eu não quero ser mais prolixo do que já sou, então deixo para comentar sobre outros artistas futuramente. De resto, devo informar que esta lista não terá nenhum grau de melhor
para pior ou ao contrário, serão apenas artistas em ordem aleatória.
Virtualmente, ao menos, pois eu tentarei dispor os artistas na ordem que melhor
seja a conexão entre os meus comentários de um com os outros.
Começo esta lista com o mais
famoso quadrinista da Disney, o lendário Homem dos Patos, Carl Barks! Mas antes
de trabalhar com os patos nos quadrinhos, o quadrinista atuava na área de
animação dos estúdios Disney, e foi lá que ele aprendeu algumas técnicas de
movimentação que usaria para deixar as suas histórias dinâmicas e concisas.
Felizmente, ele parou de trabalhar nas animações de Donald e companhia para
escrever e desenhar suas histórias, do contrário, talvez não tivéssemos hoje suas
maravilhosas criações, como o Tio Patinhas, os Irmãos Metralha, a Maga
Patalójika, o Pão-Duro MacMônei, o Patacôncio, o Gastão, entre outros... sem
esquecer a própria cidade de Patópolis e seu estado fictício, a Calisota!
Falecido em 2000, aos 99 anos, Carl Barks viveu o século XX inteiro
maravilhando milhares de leitores com suas histórias de monstros, caças ao
tesouro, figuras mitológicas, cotidiano e tantos outros temas que sua mente
genial poderia criar. Também não posso esquecer de mencionar sua arte
magnífica, que dialogava com o simples, mas possuía complexidade em seu
movimento, cenário e leiaute de página.
Biblioteca Don Rosa Nº 3 |
Don Rosa foi o mais fiel seguidor
de Carl Barks que já existiu. Embora vivo, Don infelizmente parou de trabalhar
com os quadrinhos Disney, mas por duas décadas ele escreveu e desenhou
histórias dignas de homenagear o Homem dos Patos, tanto que ele já foi chamado
de Mestre dos Patos. Don Rosa cresceu lendo e amando os “patos de Barks”, como
ele próprio os chama, e em 1987 conseguiu realizar o seu sonho de criar
quadrinhos dos personagens que tanto tinha apreço. Daí em diante, criou
continuações das maravilhosas HQs de Carl Barks, criou seus próprios
personagens marcantes, pesquisou história para escrever obras-primas da “ficção
histórica” - inspiradas pelo Carl, que utilizava a National Geographic para
desenhar belíssimos cenários de lugares aos quais nunca pisou até então -, e fez
histórias de origens explicando tudo o que não precisava ser explicado, o que
não as torna desnecessárias, muito pelo contrário! Por isso, ouso dizer que Don
Rosa é o perfeito exemplo do discípulo que superou seu mestre! E, diferente de
Barks, que fazia o leitor pensar e rir, Don Rosa não só fazia isso, mas também,
emocionar-se.
O criador de Mancha Negra, o
melhor vilão do rato Mickey, não poderia faltar nesta lista. Junto com ótimos
roteiristas, destaco-o não só pela sua arte soberba, mas porque Floyd
Gottfredson também criava o argumento de várias das histórias que desenhava. E
nos seus quadrinhos, também estrearam outros personagens icônicos, como o
professor Tiraprosa, o comissário Joca, o coronel Cintra e o Esquálidus. Este,
que não só é o homem do futuro, mas o meu personagem preferido do universo do
Mickey, depois do rato. Além disso, lendo os volumes da coleção Os Anos de Ouro
do Mickey percebo que há um gostinho único em ler HQ em tiras, que não se
compara com as histórias publicadas originalmente em revistas. Não que seja
melhor ou pior, mas o sabor diferencial de ler histórias em tiras contínuas
publicadas originalmente em jornais é bastante agradável.
É possível comparar Carl Barks com
Floyd Gottfredson, ou vice-versa por o segundo ter começado antes que o
primeiro, no quesito clássico dos quadrinhos e por suas criações que perduram
até hoje, nos quadrinhos Disney mais recentemente produzidos no mundo. Assim
sendo, também é possível comparar Romano Scarpa com esses dois grandes artistas
estadunidenses, pois este terceiro é a versão italiana deles, sendo o precursor
dos grandes artistas italianos atuais. Além disso, também criou personagens
memoráveis que são incluídas em histórias produzidas até hoje, tais como Pata Lee, Atomino Bip-Bip, Gedeão, Brigite, Tudinha, professor Intrigatão, Patolfo, etc.
Entretanto, apesar da arte soberba, e a maioria dos roteiros serem clássicos, devo admitir que algumas das histórias possuem detalhes que não o são, denotando a época em que foram escritos. O que não tira o brilho da obra do maior mestre Disney italiano,
obviamente.
Mas se Romano Scarpa é o Carl
Barks italiano, Casty é o Don Rosa italiano. Apelido de Andrea Castellan, Casty
escreve soberbamente roteiros majoritariamente centrados na ficção científica,
superando seus mestres, assim como o Don. Considero as histórias do Casty as
melhores do Mickey já feitas, pois são épicas, inteligentes, contêm um humor tão peculiar
como o de Don Rosa e também há grandes sagas de ficção histórica e até
mensagens ecológicas. Inclusive, o mestre do dom Rosa, afirmou ser amante dos
animais, ou seja, a comparação com o mestre italiano não poderia ser mais
óbvia! Sem falar da arte, que é uma versão aperfeiçoada dos desenhos de Romano
Scarpa! E, assim como os roteiros do Casty são os meus favoritos da Itália, sua
arte também é a minha favorita entre os artistas do país da bota.
Histórias Comentadas |
Jorge Kato e Waldyr Igayara de Souza
podem ter sido os primeiros brasileiros a criarem histórias do Zé Carioca, mas Ivan
Saidenberg foi o mais importante a fazê-las. Depois de listar os mestres dos
EUA e da Itália, chegamos aos mestres brasileiros, e o Ivan é o mais clássico,
principalmente por sua grande colaboração em transformar o Zé Carioca em um
personagem tipicamente brasileiro, e sendo o precursor das posteriores inúmeras
histórias do Zé por inúmeros artistas talentosos do Brasil! Embora me agrade menos os roteiros do Ivan para outros personagens
fora do universo do Zé, eles também são divertidíssimos, e eu obviamente não desmereço suas criações, como o Morcego
Vermelho, e as tantas outras facetas do Peninha, Glória e a Borboleta Púrpura,
o Metralha Azarado e o Biquinho. Assim como as criações do universo do Zé, como o Afonsinho, o Zé Galo e os vários primos do próprio papagaio malandro, com exceção do Zé Paulista. E, deixando o melhor para o final, foi
Ivan Saidenberg quem criou o meu super-herói favorito, o Morcego Verde! Eu
nunca consegui sentir grandes afetos pelos personagens da duplinha Marvel e DC,
nem de seus quadrinhos, mas sempre que eu lia as desventuras do alter-ego do Zé
Carioca, conseguia sentir uma afinidade, um sincero encantamento e uma alegria
dessa paródia e arremedo de super-herói. A melhor parte do Zé, sem dúvida, a
única coisa pela qual esse preguiçoso gente boa se esforça.
Mestres Disney Nº 5 |
Infelizmente, até onde eu sei,
Ivan Saidenberg nunca desenhou uma HQ, apenas escrevia seus roteiros.
Felizmente, Renato Canini sempre desenhou as histórias de Ivan. Eram a dupla
perfeita, dois mestres brasileiros que juntos revolucionaram o universo do
papagaio malandro, fazendo dele um verdadeiro carioca, coisa que não era tão
evidente antes. O estilo de Renato foi um dom e uma maldição, pois é o meu favorito
entre todos os artistas brasileiros, mas foi por causa de sua arte soberba e
tão única dentro do Universo Disney que o gaúcho precisou parar de desenhar o
Zé Carioca a mando de ordens de seus superiores, e consequentemente parou de trabalhar para a Disney, já que era só de histórias do Zé Carioca em que consistia seu magnífico
trabalho. Fora essa trágica história, Renato também escrevia simples, mas
eficazes, roteiros, sendo que a estreia do primeiro primo do Zé, o Zé Paulista,
foi em uma HQ escrita e desenhada por este mestre brasileiro.
Depois do Ivan, é a vez de um
artista italiano, que, até onde eu sei, só cuidava dos roteiros de seus
quadrinhos, figurar nesta lista. Guido Martina foi o responsável por criar meu
segundo super-herói favorito, o Superpato! E eu amo as suas primeiras
histórias, em que o alter-ego do Donald é um genial vingador, não um herói. São
algumas das minhas HQs preferidas da versão mascarada do Donald! E esse é um
dos motivos por eu ter tanto afeto pelo personagem, sua trajetória ter começado
como vingador e hoje ser um grande herói, além de ele também ter uma versão
futurista mais bem elaborada. Guido também escreveu a épica História e Glória
da Dinastia Pato, saga que conta a história dos antepassados da Família Pato e
que foi desenhada por Romano Scarpa e Giovan Battista Carpi, este que foi o primeiro
desenhista da primeira HQ do Diabólico Vingador.
Zé Carioca teve várias fases com
vários estilos. Primeiro, houve a fase estadunidense, de sua criação, a
segunda foi a que os primeiros artistas brasileiros começaram a escrever e
desenhar os quadrinhos do papagaio, depois a terceira, dominada por Ivan e
Renato, a quarta, com a volta das roupas de sua criação e marcada pela pior
faceta do Zé por ela ser de extremo mau-caratismo, e a minha fase preferida, com a adição
de boné e tênis. E eu não sei explicar direito o motivo deste roteirista ter se
destacado para mim, mas Arthur Faria Jr. escreveu várias histórias marcantes do
papagaio desde essa fase até a curta volta da produção nacional de quadrinhos
Disney entre 2013 e 2016. Inclusive, é dele o roteiro da última HQ produzida e
publicada no Brasil até o momento de publicação desta lista. Também é
interessante constar que o Arthur é um dos coordenadores brasileiros do Inducks.
Carlos Edgard Herrero é, junto com Gustavo Machado, Denise
Ortega, Luiz Podavin, Fernando Ventura, Lúcia de Nobrega, Verci de Mello, Kaled
Kalil Kanbour e outros já mencionados nesta lista, mais um grande artista que
retornou para a produção nacional de quadrinhos Disney de 2013 a 2016. Muito me
agrada o seu estilo de desenho, simples e agradavelmente belo. Carlos foi quem
desenhou a primeira HQ brasileira do Urtigão, personagem que adoro. Um veterano
da arte sequencial brasileira que não só ainda continua na ativa, como perceber
a evolução de seu trabalho lendo suas histórias é um passatempo delicioso. Confira uma entrevista do mestre clicando aqui.
Arquivo Pessoal |
Admito que Marco Rota figura
nesta lista por influência de Don Rosa, que diz ser esse seu artista Disney favorito
depois de Carl Barks, até porque não me agrada muito os roteiros que o artista
italiano escreve. Apesar disso, eu amo o estilo fofinho dele, os personagens
desenhados pelo Marco ficam muito fofos. O que me entristece é que ele não
produz quadrinhos italianos, mas dinamarqueses, e os roteiros da Disney Itália
são muito superiores aos da Egmont. Outro motivo de o Marco figurar nesta lista
ao invés de outros artistas italianos cujos desenhos muito me agradam, como Claudio
Sciarrone, Paolo Mottura, Massimo Fecchi ou Enrico Faccini - este que faz uma
Pata Lee muito fofinha, aliás, fiel ao estilo de Romano Scarpa -, é que deles eu não tenho mais a dizer do que
acabei de escrever. Ah, eu também gostaria de destacar como é engraçado seu
nome ser parecido com o do artista brasileiro Carlos Mota.
Marco Gervasio trouxe de volta o
“Superpato Vingador” que tanto gosto de ler na pele de seu precursor, o
Fantomius! Só por isso, o artista italiano já merece entrar na minha lista de
dois dígitos dos meus preferidos da Disney. Ele desenhar soberbamente é só um
belo complemento. O artista completo criou uma das minhas séries favoritas dos quadrinhos
Disney, em que ele conta as histórias do antigo dono da Vila Rosa junto à bela
Dolly Páprika e ao inventor Copérnico Pardal. Em uma entrevista concedida por
e-mail, Marco explica o motivo de eu e tantos outros leitores terem tanto
apreço e estima pelo carismático Ladrão de Casaca de Patópolis: “Fantomius/Lorde
Quackett é um personagem Disney alheio aos esquemas tradicionais, pois, para
todos os efeitos, caracteriza um transgressor. E seu ponto forte está
justamente aí. Ele é um ladrão que não rouba apenas para si mesmo, mas também
para doar aos necessitados o fruto de seus golpes, além de passar a polícia
para trás. É, portanto, um anti-herói, que transita à margem da lei enquanto
busca uma justiça social que essa mesma lei não garante.”
Marcelo Cassaro, junto com o
desenhista Paulo Borges, renovou o visual do meu super-herói favorito! Na HQ,
cujos dois quadrinhos dela estão reproduzidos logo acima, o Morcego Verde abandona
sua velha fantasia de Carnaval e adota um visual semelhante ao do detetive sem
superpoderes da DC, visual este que é o meu preferido do herói! Além disso, nas revistas de Maurício de Sousa, Marcelo trabalha com a linha Jovem, criando grandes
preciosidades, principalmente para a publicação Chico Bento Moço, que é a minha
preferida da linha Jovem da MSP.
Mickey Nº 861 |
Junto com Don Rosa e Marco Rota, Byron
Erickson é um dos poucos artistas Disney que criam boas histórias dinamarquesas,
mas admito que ele está aqui principalmente pela importância que Don dá a ele, que é
algo que considero relevante. Além da famosa série Dragonlords,
destaco as histórias que ele escreveu com o Mickey como protagonista, e a
aventureira Catarina Kodorofsky como coprotagonista, e a soberba A Conspiração,
em que o certinho do Mickey duvida de si mesmo em uma das melhores histórias de
suspense que eu já li em um gibi. A respeito da Catarina, lamento que o Byron
só escreveu duas histórias com ela até o momento - publicadas ambas uma única
vez cada no Brasil em Mickey Nº 816 e Mickey Nº 822 -, pois é uma ótima personagem. A
respeito do suspense, alegro-me que ele seja tão original que não se limite a
esse gênero e torne-se uma ficção científica na segunda metade da história, com
direito a um final emocionante.
E eu não poderia deixar de fora
os criadores de Urtigão, Peninha e Romrom! Este trio foi paixão nacional
durante a época de ouro da produção de quadrinhos Disney pela editora Abril,
tanto para leitores, como para os artistas, até porque os dois primeiros ganharam
revistas brasileiras na década de 1980, além do gato Romrom ter sido uma
presença constante nas histórias nacionais do Donald, já que é o bicho de
estimação dele. Sem contar que o divertidíssimo 00-ZÉro também foi criado por esta
grande dupla, um agente secreto atrapalhado que é ajudado pela inteligente Pata
Hari. Dick Kinney e Al Hubbard é o caso de autores que são mais importantes pelos personagens
que criaram do que pelos seus roteiros e desenhos, pois estes não são tão
impressionantes como os roteiros e desenhos dos outros 14 artistas desta lista.
Atualização de 21/05/2021
Menção Honrosa: Al Taliaferro, por seu pioneirismo e pelo estilo peculiar seguido por muitos, como bem me lembrou Don Costa, meu correspondente virtual.