sábado, 27 de novembro de 2021

O Melhor Homem-Aranha

Como eu afirmei em Meus 16 Artistas Disney Preferidos, nunca tive afeto pelos personagens da Marvel ou pelos da DC. Quando criança, considerava seus quadrinhos muito adultos e não me interessava em lê-los. Quando cresci, só confirmei o que antes era suposição. E, mesmo assim, não eram o tipo de obras que me agradavam. Apesar disso, por causa de jogos eletrônicos e desenhos animados, eu nutria certo interesse em personagens como Batman e Homem-Aranha. O Morcego teve filmes muito bons dirigidos por Tim Burton e Christopher Nolan. O Cabeça de Teia não teve a mesma sorte, pois Sam Raimi dirigiu uma trilogia inacreditavelmente horrenda, chegando ao ápice da repugnância no filme de 2004, que não merecia nem ter “Homem-Aranha” no título. Filme que eu tive a infelicidade de ver no cinema, além de ter ocorrido uma experiência traumática durante a sessão, mas não vou expô-la aqui. Ressalto também como o protagonista desses três filmes não parecia ser um herói, era a pior versão de Peter Parker existente: um derrotado que estava sempre desistindo e ainda era muito egoísta. Sem falar nos inúmeros furos de roteiros da trilogia! Destaque para o Homem-Aranha não ter lançadores de teia construídos com seus conhecimentos de química e física, mas lançar teias do seu próprio corpo!! Deve-se haver bom senso na ficção científica, mesmo sendo ficção. O menos pior foi o Homem-Aranha 3, de 2007, porque pelo menos dava para rir um pouco.


Mas chega de perder tempo escrevendo sobre a minha maior decepção com a Marvel e alguns dos piores filmes que já vi na vida. Vamos ao que interessa: a primeira vez que eu fui cativado por um Homem-Aranha das telonas foi ao ver O Espetacular Homem-Aranha. Aquele, sim, era o Homem-Aranha que eu gostava de ver nas séries animadas! E o vilão do filme também foi maravilhoso. Também vale destacar que o ator protagonista já tinha participado de um episódio de Dr. Who antes! Mas aí veio a sequência horrível e eu perdi as esperanças de ver outro filmaço do Cabeça de Teia no cinema. Até afirmei que nunca mais veria outro filme de super-herói. “Promessa” que eu logo quebrei, claro.


Mas vamos voltar um pouco. O Espetacular Homem-Aranha 2 é de 2014. O Universo Cinematográfico da Marvel começou com o primeiro Homem de Ferro, em 2008. Na época, foi um filme qualquer cujo DVD aluguei em uma locadora. Eu vi e não gostei. Eu só fui começar a gostar do UCM com Vingadores: Era de Ultron. Assim como com os filmes anteriores, eu fui ver só porque não tinha nada melhor para fazer, sem expectativas ou qualquer tipo de afeição, só por falta de uma distração melhor. Mas fui surpreendido por um filme encantador! Fui ao cinema com meus pais e tive uma experiência maravilhosa. Foi o começo da minha afeição por esses filmes. Os personagens, a história, a comédia, a ação, o drama, a ficção científica... era tudo muito equilibrado. Sem contar o lindo vilão, amei sua estética. Amo robôs.

E desde então, tenho ido ao cinema assistir aos longas-metragens da Marvel distribuídos pela Disney, não por falta de filme melhor para ver, mas na certeza de que eu verei algo divertido e reconfortante.


Um belo dia, descobri que o Universo Cinematográfico da Marvel havia feito um acordo com a Sony para que o Cabeça de Teia participasse dessa grande franquia. Comecei a criar expectativas que logo já se tornaram grandes, e, ainda assim, Capitão América: Guerra Civil conseguiu superá-las! Se eu já tinha adorado o Homem-Aranha do Andrew Garfield, eu amei o do Tom Holland. Pela primeira vez, identifiquei-me com o personagem. Finalmente pude ver um Homem-Aranha com estupendo desenvolvimento de personagem no cinema, e por um ator fenomenal! Finalmente substituíram o inútil tio Ben pelo grande Homem de Ferro, e esta, creio eu, foi a melhor escolha da Marvel para iniciar o seu melhor herói no UCM.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar foi melhor ainda! Um filme com história, personagens, atuação e efeitos especiais perfeitos. Tudo maravilhoso.

Peter Parker é um gênio que claramente considera a escola chata porque já conhece todos os conceitos necessários para passar de ano. O problema dele, que pela primeira vez é mostrado no cinema, é sua impaciência em combater o crime, mesmo sem experiência para isso. E o pior: ele nem quer saber de faculdade! Problemas atuais...


Isso é realismo fantástico, ou de ficção científica, e não faz do Peter o “Garoto de Ferro”, como alguns chatos criticam negativamente. Críticas com base no quê? De o Homem de Ferro, o herói mais relevante do UCM até o momento, substituir o inútil do tio Ben? Ridículo. Para mim, a interação de Tony Stark com Peter é só mais um dos motivos que tornam o Peter Parker de Tom Holland o melhor Homem-Aranha que eu já vi, seja no cinema, nas animações e até mesmo nos quadrinhos, que pouco li, admito. Peter reiteradamente desobedece ao seu mentor, simplesmente porque ele sabe que as ordens dele o impediam de fazer o que é certo. E tem pessoas com a cara de pau para comentar que o personagem do Tom é um pau mandado do personagem do Robert. Haja óleo de peroba...


Um personagem que leva a sério a já clichê frase “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”, sem nunca a proferir. Nem ele, nem nenhum outro personagem, simplesmente porque é desnecessário. Porque este Homem-Aranha não é frouxo que nem o do Tobey nem esquece que é um adolescente como o do Andrew. O do Tom é o equilíbrio perfeito de um super-herói adolescente, com as incertezas e ambições dessa fase somadas ao fardo que são seus poderes. Ademais, preciso parabenizar o exímio bailarino. Como nunca ninguém antes pensou que escalar um dançarino para interpretar um personagem tão ágil e que dá tantas piruetas seria perfeito?


Foi ótimo terem trazido o amigo gordinho do Miles Morales para o UCM. Depois do Peter, o Ned é o melhor personagem do filme. Desculpa, Homem de Ferro, você ficou em terceiro lugar.

Outra grande substituição aqui: MJ não era mais aquela ruiva sem graça e irritante, mas uma garota inteligente, engraçada e rebelde. Zendaya ajudou muito na construção da personagem, pois é uma grande atriz. Lembro de que toda vez que eu via a personagem Michelle aparecer no filme, quando o vi pela primeira vez no cinema, eu dizia “que mulher maluca”. No fim, acabei ficando encantado por ela. E fiquei muito feliz por ela ser o par romântico do Peter em Longe de Casa. A melhor que já vi interpretar o par romântico de Peter Parker no cinema.

Outro grande destaque no filme é que o suposto par romântico do Teioso no filme é filha do vilão, outra sacada genial para fugir do lugar-comum de “herói precisa salvar a mocinha das garras do criminoso”. E que vilão! O melhor filme do Homem-Aranha também contou com o melhor vilão, não só pela atuação soberba de Michael Keaton, mas também pela caracterização do personagem. É impressionante como não há um único defeito no filme! Eu assisti a De Volta ao Lar pela terceira vez antes de concluir este texto. E eu até tentei procurar algum defeito que este filme tenha, mas não encontrei nada. O roteiro é redondinho, sem pontas soltas. A história, os personagens, o humor, os efeitos especiais… tudo é perfeito e maravilhosamente bem-feito.


Talvez o único defeito seja o Alexandre Moreno dublar dois personagens, mas aí é erro da versão brasileira. Isso também vale para o elenco de dubladores brasileiros de Guerra Infinita, que é igualmente magnífico. A maioria da escalação dos personagens dos filmes do UCM é perfeita.

Agora, sobre o final, em que o Homem-Aranha salva o Abutre, mesmo este querendo matá-lo em várias ocasiões, foi simplesmente épico! E quando a tia May descobre que seu sobrinho é um super-herói? Outra coisa que eu sempre quis ver aconteceu!


Chegamos a Guerra Infinita, um longa que foi outra grande e grata surpresa! Fui ao cinema sem saber de nada e fiquei espantado com o quão satisfatório o filme foi. Novamente, o destaque aqui é do Homem de Ferro e seu pupilo grudador de paredes e naves espaciais. Logo depois, o que mais brilha na história é a interação de grande parte dos protagonistas dos filmes antecessores da franquia. Várias cenas marcantes e hilárias são frutos disso. Entre elas, gostaria de mencionar a que o Senhor das Estrelas prende o Homem-Aranha pelo pescoço e o Homem de Ferro pergunta ao Peter Quill qual é o seu senhor, o qual responde “O que eu devo dizer? Jesus?”. O final em que Thanos, o vilão coletivista, vence também foi lindo. Aqui e no começo de sua sequência, novamente tive o prazer de ver algo inédito em uma história de heróis contra vilões. Um desfecho que eu desejava apreciar desde minha experiência frustrada com os chatos dos Power Rangers na tenra idade.


Vingadores: Ultimato também foi tudo isso: equilibrado, divertido e reconfortante. A sequência de Vingadores: Guerra Infinita soube dosar perfeitamente bem o humor e o drama, os momentos de silêncio e diálogo com os de ótima trilha sonora e ação. Um dos únicos defeitos do filme é ser previsível, mas também não tinha como não ser, pelo que a produção cinematográfica propõe. Não que eu não tenha sido surpreendido várias vezes como em seu antecessor – os personagens do Hulk e Thor, por exemplo, tiveram mudanças bem agradáveis para a minha pessoa -, mas eu já esperava que houvesse surpresas. Isso sem mencionar que eu estava informado por notícias da internet de certos rumores que se confirmaram. Rumores e comentários de quem foi ao cinema e contou o que aconteceu na história e a determinados personagens. Foi um assunto muito popular na época e eu acabei me entusiasmando demais. E quanto maior a expectativa, menor o aproveitamento… neste caso, ao menos. E é por isso que considero Guerra Infinita melhor que sua sequência. Por isso e pelo Cabeça de Teia só aparecer no final. Apesar de que foi um grande final! Novamente, Tom Holland rouba a cena e ainda vira o protegido de um grupo improvisado de Vingadoras!


A morte do Tony e sua despedida com seu garoto é emocionante. Já a morte da Viúva Negra foi muito mais que esperada para a minha pessoa, nunca gostei da personagem. Espero que chegue a vez da Capitã Marvel logo, ô mulher chata!


Embora Darren tenha especulado em O Legado Duradouro de “Doctor Who” e “Sherlock” de Steven Moffat, o enredo não pega muito de sua trama emprestada de Dr. Who. Enquanto a série britânica tem o conceito do tempo como algo cíclico, Ultimato tem como se fosse a correnteza de um rio. Mesmo assim, o 22º capítulo da Saga do Infinito ainda utiliza muito da “substituição narrativa” que Steven Moffat tanto utilizou em suas histórias. Os escritores de Ultimato não refinaram o roteiro tão bem como é o costume de Steven, mas foram excelentes no que se propuseram a fazer.


Por último, comentarei Homem-Aranha: Longe de Casa, o 23º e último capítulo da Saga do Infinito. O fim ou o epílogo perfeito? É de se duvidar, já que tem uma cena pós-crédito com margem para um futuro filme ou futura série do UCM. O começo de uma nova saga? Quem sabe… Mas isto não interessa a este texto. Continuarei a comentar o Peter Parker de Tom Holland em sua, até a publicação deste texto, última participação no UCM.

Já no começo, tenho uma insatisfação: não é mostrado aos espectadores como a tia May lidou ao descobrir que seu sobrinho era um herói famoso, esperava isso desde De Volta ao Lar. Mas, antes, uma montagem em vídeo dos falecidos em Ultimato bem tosca é exibida na segunda cena do filme. Revendo, tinha esquecido o quão engraçada ela é. Enfim, após a jovem tia do Peter apresentar seu alter ego em um evento, ele é cercado por repórteres que perguntam como é substituir o Homem de Ferro, o grande Tony Stark, se o Teioso virou o líder dos Vingadores, entre outras perguntas insensíveis para quem está em luto. Destaco também o “Arrepio do Peter”, apelido maravilhoso que a tia May deu ao Sentido Aranha. Ela também menciona o Doutor Estranho. Será que foi uma dica para o longa-metragem sucessor?


Segundo o CinePOP, no livro “Os Arquivos de Wakanda” é escrito que “Stark continuava preocupado com a vida do garoto, mesmo sabendo de suas habilidades. Por isso, ele construiu o traje de ferro para manter Peter em segurança ao perceber que o jovem estava se tornando muito mais do que o Amigão da Vizinhança… O que foi provado em ‘Vingadores: Ultimato’. Em resumo, Tony vivia se sentindo culpado por ‘roubar’ a infância de Peter Parker e por induzi-lo a enfrentar batalhas muito mais perigosas do que ele estava acostumado.” Com a morte dessa figura paterna, o jovem decide aproveitar mais sua vida despreocupada de colegial, um bom contraste em relação ao seu primeiro filme. Mas Nick Fury aparece e estraga seus planos, agindo como um chefe de um emprego que não se pode tirar férias.

Peter obviamente fica chateado com a situação e o óbvio vilão Mysterio finge se compadecer com o Teioso, aproveitando para manipulá-lo. E, depois que o Homem-Aranha descobre, junto com a MJ – que parece até arrogante por isso, exagerando um pouco no seu ego –, o sr. Beck confronta o herói com efeitos especiais espetaculares. Desde Doutor Estranho que eu não ficava tão encantado com computação gráfica no cinema. A ingenuidade do protagonista é explicitada pelo antagonista e ele ainda acrescenta que “é fácil enganar as pessoas quando elas mesmo já se enganam”. É impressionante o quão bem construído o personagem é, diferente dos antagonistas da Trilogia Maldita e da duologia de Andrew Garfield. O UCM realmente sabe como criar boas narrativas com detalhes tão cativantes. Tantos os que descrevo, bem como os que nem preciso mencionar.


Segundo o Legado da Marvel, “Muitos acham que o fato de ter heróis existentes possa simplesmente ser promovidos a uma posição de liderança nos Vingadores. Essa seria uma maneira mais segura de criar uma [...] equipe em vez de alguém totalmente novo no cargo assumir os mantos de super-heróis vazios. Por exemplo, o Capitão América e o Homem de Ferro. Anteriormente, essa percepção acabou sendo prejudicial ao psicológico geral do Peter. Como ele admitiu ao Happy em Homem-Aranha Longe de Casa, ele não apenas teve que lamentar a morte de Tony, mas também foi submetido à imensa pressão de substituí-lo potencialmente. É parte da razão pela qual ele simplesmente queria se livrar de suas responsabilidades de super-heróis e aproveitar a viagem escolar pela Europa. Passando por sua experiência no filme, Peter parece ter decidido que não precisa ser o novo Homem de Ferro, ele pode ser apenas o herói da vizinhança amigável que é. […] Tony nunca quis que Peter fosse o próximo Homem de Ferro. Em vez disso, o gênio, bilionário, Vingador só queria que seu protegido fosse um herói melhor do que ele.”

E, mesmo derrotado em seu primeiro confronto com o mestre das ilusões, o Teioso consegue se reerguer, estimulado por Happy, e utiliza a tecnologia de seu mentor para criar um uniforme só seu, explorando sua individualidade de um herói único em uma cena muito bonita.


Não que isto seja relevante, mas gostaria de mencionar como os drones do Mysterio lembram as torretas de Portal.


Repetindo a surpresa de De Volta ao Lar, na primeira cena pós-créditos, Longe de Casa agracia-me com mais uma coisa que eu sempre quis ver no cinema: a identidade secreta do Homem-Aranha sendo revelada ao público. Comparando com a cena ridícula no trem do filme de 2004 da Trilogia Maldita, o final – desconsiderando a segunda cena pós-créditos – do segundo longa-metragem solo do Tom Holland é uma obra-prima.


Bem, eu já escrevi tudo o que eu tinha para dizer. Resta-me, agora, esperar para ver se o terceiro filme do melhor Homem-Aranha será tão bom como os seus antecessores. Andrew Garfield talvez apareça, mas Alfred Molina, Willem Dafoe, Jamie Foxx, atores que já interpretaram antagonistas em filmes fora do UCM, já foram confirmados no elenco, só espero que o Tobey não seja nem mencionado para que esta possa ser a Trilogia Dourada do Amigão da Vizinhança.

Atualização de 24/12/2021
Infelizmente, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é um péssimo filme. O pior Homem-Aranha de todos os tempos conseguiu estragar mais uma trilogia, fechando esta com chave de merda! Parabéns, Tobey, o nauseabundo, não estava satisfeito com sua própria desgraça, né? Precisou colocar seu toque de bosta em mais um filme do Teioso! Não esperava que o último filme """solo""" do Tom Holland fosse tão ruim! E olha que eu já sabia que o rídiculo doutor polvo estaria nele!! Arrependi-me de ir ao cinema vê-lo, foi uma experiência traumática. Bem, um trauma a mais à minha coleção, que diferença faz?

"De acordo com o Looper, o fato de Sem Volta Para Casa capitalizar com as revelações e retornos de personagens de outros filmes – marcadas pelos incansáveis aplausos do público – e ao mesmo tempo requentar as mesmas histórias de origem é, no mínimo, cansativo. Além disso, ninguém queria se despedir de Marisa Tomei." - Observatório do Cinema

Sim, a melhor versão da tia May morreu. A tia que não era uma velha que parecia que ia morrer a qualquer momento, como nas outras versões. E ainda teve a audácia de proferir a mais que saturada citação que Stan Lee criou para o fim da primeira HQ do Cabeça de Teia! Novamente concordo com o Observatório: "O falecimento da personagem de Marisa Tomei deixou muitos fãs revoltados. Por que o MCU [sic] tomou essa decisão? Qual é a lição que Peter Parker aprende com isso? O personagem já 'trabalha' como herói há um bom tempo, e dessa forma, entende tudo sobre aquele famoso discurso de 'poderes e responsabilidades'."

Ao meu ver, seria muito mais honroso e digno se Tony, o grandioso Homem de Ferro, falasse isso em seus momentos finais para Peter em Ultimato.