quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A Empregada Maldita

Aconteceu quando fui visitar minha amiga Bia. Ela mora em uma casa de dois andares bonita e espaçosa. Já de posse da chave, entrei na casa e não vi ninguém no primeiro andar. Subi as escadas que levam a dois quartos moderadamente grandes e foi em um deles que a encontrei. Estava em um canto encolhida e abraçada com sua irmã mais nova, Carla. Num primeiro momento, não entendi por que tremiam tanto.
- O que vós estão fazendo?
Em resposta a minha pergunta, Bia apontou um dedo indicador para o outro extremo do quarto, onde o que parecia ser a empregada da casa estava em uma espécie de transe.

Aproximei-me desta e percebi que havia um negrume em sua volta que destoava da escuridão do aposento. Foi quando labaredas de fogo surgiram ali que me distanciei e voltei para as proximidades de Bia e Carla.
- Os espíritos do mal vieram!
Após essa exclamação de Bia, vi que uma névoa branco-peróla rodeava a outra mulher que jazia no quarto invocando deus sabe-se lá o quê.

Diante dessa situação, corremos o mais depressa que podíamos e precitamo-nos para fora do quarto. Eu e Bia pelo menos, Carla ficou para trás e sua irmã mais velha já havia fechado a porta do quarto quando ouvi os gritos de horror da menina vindos de dentro dele. Abri a porta, mas Bia tornou a fechá-la. Não entendi esse ato dela. Com mais força, consegui sobrepujar minha amiga e tirar Carla de perto daquela magia negra que já impregnava todo o aposento.

Descemos ao primeiro andar, todos os três esbaforidos e assustados. Não precisamos esperar muito para que os pais das irmãs chegassem em casa. Perguntaram o porquê de nosso estado e eu lhes contei o motivo. Não soube se acreditaram de primeira em meu relato, até porque fora um tanto incompleto. Mas então Bia contou o início da peripécia.
- Nossa empregada chamou eu e Carla para um jogo. Perguntamos que tipo de brincadeira era, mas ela limitou-se a dizer que era surpresa. Foi quando subimos ao nosso quarto que ela começou a invocar os demônios do submundo e, claro, ficamos as duas aterrorizadas.
Eu ainda estava incomodado que ela não esclarecesse determinado ponto, então perguntei:
- Por que fechaste a porta na cara de tua irmã?
Bia deu-me as mais esfarrapadas desculpas e continuei sem entendê-la. Seus pais, contudo, aceitaram sem questionar. No final, supus que fosse por medo de sua integridade física e mental que abandonou a irmã ao deus dará.

A mãe de Bia não perdeu tempo. Logo que terminamos nossas explicações, pôs-se a formular um plano para nos livrar da empregada maldita. Enquanto a senhora falava, eu percebia que caía do andar de cima certa fuligem com cheiro de enxofre, então alertei os demais presentes do fato e resolvemos todos sairmos da casa. Fomos para a casa dos primos de Bia. Senti-me um intruso quando sentei-me perto de toda aquela gente que eu desconhecia, mas um dos primos de minha amiga era bastante amigável e ficamos conversando sobre quadrinhos enquanto a mãe de Bia liderava os parentes para a casa dela no intuito de deter as forças das trevas.

Não foi difícil aquela família lidar a maldição que se apoderou daquela casa que visitei. O pai de Bia conhecia uma reza forte e seu irmão foi corajoso o suficiente para expulsar todo o mal dali. Terminamos a aventura com a empregada demitida e eu trocando contato com Ferdinando, primo de Bia. Este que me prometeria ajuda no aprendizado de japonês e que eu encontraria prestando um concurso de um banco comigo tempos depois. Mas essas são outras histórias.