segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Minhas Leituras de Agatha Christie em 2023

Em 2022, resolvi assistir ao Crime a Bordo, um dos filmes baseados na obra de Agatha Christie, embora não em um livro específico, mas na personagem Jane Marple da escritora, interpretada magistralmente pela maravilhosa atriz Margaret Rutherford. Gostei tanto do filme que resolvi começar a ler Agatha por um livro da Jane no começo de 2023. E qual não foi a minha surpresa pela personagem ser completamente diferente da do filme! Mesmo assim, gostei de Convite Para um Homicídio (1950), pois a história é divertida e inteligente e alguns personagens são bons; não gostei de todos. E, claro, como todos comentam, o final é imprevisível. A srta. Marple não é nenhum Sherlock Holmes, mas simpatizei com a velhinha e seus métodos de dedução. Sem dúvida, a melhor personagem do livro! E isso me fez ter vontade de ler mais livros da autora.

Li mais de 10 livros da Agatha no ano passado, mas nem todos foram muitos bons. O que achei mais fraco foi O Mistério do Trem Azul (1928). Nem neste consegui prever o culpado, mas a leitura não foi das melhores. Personagens desagradáveis foram minha ruína, principal motivo de meu desgosto, mas o caso em si também não é dos mais interessantes. Hercule Poirot falhou em me cativar neste livro. Outro que me decepcionou foi A Mão Misteriosa (1942), principalmente por estar na contracapa que era um caso da Jane Marple, mas ela só aparecer no final da história! Aqui, pelo menos, os personagens são mais agradáveis e a história é mais envolvente, apesar de que a revelação do culpado foi inesperada demais, ao mesmo tempo que me fez pensar “Era só isso?”. O que mais me marcou foi uma personagem ressentida pelo irmão que tinha a profissão que ela queria e o protagonista do livro ter chamado-a de “feminista”, o que estranhei, pois o termo só se popularizou a partir da década de 1960. Contudo, se o tradutor não errou, então quer dizer que esse mal que afeta certas mulheres é danoso há mais tempo do que eu supunha.

Mas por que focar no que me desagradou? Comentarei agora sobre os livros que mais gostei, começando com O Caso do Hotel Bertram (1965). Este é curioso, pois, antes de adquiri-lo, li um comentário de um leitor que dizia ter detestado o livro e adivinhado o final dele. Fui lê-lo com baixas expectativas, mas me surpreendi pela qualidade da história e dos personagens! O próprio hotel Bertram é um dos melhores personagens que eu já tive o prazer de conhecer, que hotel maravilhoso, queria hospedar-me nele! E aqui minha querida velhinha está perfeita, ela é a protagonista e está presente em todo o livro, amei! E, ao contrário do leitor que mencionei, eu não pude sequer cogitar quem era o assassino até sua descoberta por Jane Marple. Outra obra-prima da senhorinha solteirona é Assassinato na Casa do Pastor (1930) cujo protagonismo não é dela, mas ela sempre rouba a cena quando aparece! O livro é escrito em primeira pessoa do personagem pastor que está no título e ele é muito simpático, apesar de implicar com outros moradores da vila fictícia em que se passa a trama. Aqui, Agatha Christie faz o seu melhor na escrita de personagens e ambientes, tornando o ambiente confortável, apesar de perigoso, pois não se sabe quem é o assassino.

Não posso esquecer de destacar o homenzinho belga de fartos bigodes e cabeça oval: Hercule Poirot, o grande detetive que rivaliza com Sherlock! Em O Misterioso Caso de Styles (1920), sua primeira aparição, ele já mostra ao que veio: aposentado da polícia belga, ele decide resolver um último caso, como em todo livro dele. O protagonista da vez é o maravilhoso Arthur Hastings, saído da primeira grande guerra para descansar com um amigo. Infelizmente para ele, mas felizmente para o leitor, a dona da casa que o hospeda é morta e cabe ao homenzinho resolver o caso. O final é genial; como nas melhores histórias de Agatha, há várias reviravoltas! Outro grande caso do belga é A Mansão Hollow (1946), em que, pasmem, o assassinado não é a velha rica, mas um jovem médico hospedado por ela! Fiquei perplexo logo de início, não esperava pela morte de John, um personagem tão carismático. Os demais personagens são maravilhosos e até o culpado é digno de pena, um livro marcante!

Até então todas as histórias de Christie que li era passíveis de serem reais, mas em Aventura em Bagdá (1951) ocorreu o contrário: a trama é digna de uma teoria da conspiração! É um absurdo maior que o outro nesse livro, mas tudo bem divertido, com personagens carismáticos e uma protagonista mentirosa, mas não desonesta, segunda a mesma. No começo, não gostei dela, mas à medida que eu ia lendo, passei a nutrir certo carinho por ela. Um livro que se tornaria um filme sensacional!

Deixei os melhores do ano para o final: O Assassinato de Roger Ackroyd (1926) foi o terceiro melhor livro da escritora que li em 2023, lembrou-me o de 1930 que comentei acima, mas conseguiu ser melhor pela revelação final. Hercule Poirot brilha novamente neste caso! A Casa Torta (1949) foi o segundo melhor livro da autora que já li, uma trama leve e divertida sobre a morte de um velho rico. Bem, leve até a revelação de quem o matou. E o primeiro lugar vai para Noite sem Fim (1967), amei demais este livro, principalmente por me identificar com o protagonista, pelo menos, na primeira parte do enredo; esta que parece mais um romance fofo do que um suspense policial. Na segunda parte que, genialmente, vemos a morte e os suspeitos.

Minhas próximas leituras serão de Poirot (Cai o Pano e A Terceira Moça) e de Jane Marple (Nêmesis e A Maldição do Espelho), mas não sei se escreverei sobre eles ainda este ano ou deixarei para 2025. Embora seja provável que eu escreva sobre A Maldição logo após lê-lo, já que posso comparar com o filme estrelado pela mesma atriz do épico Se Minha Cama Voasse, embora não tenha me agradado tanto como a minha querida Margaret.