Mês passado houve grandes destaques no cinema, e também a 2ª Semana do Cinema do ano, mas comentarei aqui apenas quatro deles: O Menino e o Mestre, Meu Amigo Pinguim, Os Fantasmas Ainda se Divertem e Look Back.
Aviso: este texto contém revelações sobre o enredo.
Esta animação franco-britânica cujo título original é “O Reino de Kensuke” traz uma belíssima história de pacifismo sobre um soldado japonês da Segunda Guerra Mundial já idoso que vive numa ilha deserta para proteger os animais de caçadores. Não é nenhuma maravilha, mas conta com uma ótima qualidade de roteiro, animação e dublagem brasileira. É uma história bem bonita com um final previsível, mas bem satisfatório.
Inspirado em uma história real, este filme é sobre a amizade de um pescador que teve seu filho morto anos atrás num acidente no mar. É uma produção estadunidense e brasileira, cujas locações foram Ubatuba em São Paulo no Brasil. Jean Reno, o grande ator, está perfeito aqui como o brasileiro João, que mora com sua esposa e faz amizade com a ave que recebe o nome de Dindim pela filha da amiga do falecido. Aliás, esta amiga, quando criança, é interpretada por uma menina fofa, mas, quando adulta, é interpretada por uma atriz feia, não sei por quê. Outro detalhe que me incomodou foi a dublagem brasileira: ela podia ser bem melhor, tem até bons nomes como Armando Tiraboschi e Adriana Pissardini, mas decepciona em várias cenas. Apesar disso, afirmo sem pestanejar que é a melhor obra brasileira que vi no cinema neste ano. Todavia, não posso menosprezar Jorge da Capadócia e Nosso Lar 2, que também gostei, mas não me marcaram tanto como Meu Amigo Pinguim.
Finalmente meu diretor favorito voltou aos cinemas, desde Dumbo que eu não via um filme dele na telona. É uma ótima sequência, com o conforto de sempre das obras de Tim Burton, mas pecou na trilha sonora: o longa-metragem é praticamente um musical, fiquei decepcionado. Outro detalhe que me incomodou foi a personagem da Jenna Ortega; não entendo por que ela só interpreta garotas irritantes. Contudo, foi uma boa experiência, e a dublagem brasileira foi melhor do que eu esperava, com grandes nomes como Miriam Ficher, Marco Ribeiro e Charles Emmanuel. Mal posso esperar pelo próximo filme de Tim Burton, só espero que a trilha sonora seja melhor.
Deixei o melhor para o final: esta animação japonesa é o melhor longa que vi no cinema este ano, amei demais, zero defeitos para o filme! Superou até Spy x Family, que me deliciou no começo do ano. Não escrevi aqui antes, mas também fui ao cinema ver Haikyu!! A Batalha do Lixão e Blue Lock: O Filme - Episódio Nagi e foram experiências maravilhosas, apesar de semelhantes, especialmente os finais. O que mais me surpreendeu é a capacidade dos autores em escreverem partidas tão emocionantes de esportes que eu considero bem chatos de ver na vida real. Ou seja, os filmes transformaram algo que eu não gosto em obras maravilhosas do cinema. Diferente da obra-prima que é Look Back, pois desde sua base, a história é algo que eu amo: quadrinhos japoneses e a arte de desenhar.
No original, Rukku Bakku conta a história de duas colegas de escola que se conhecem por acaso por seu amor aos desenhos, uma admira o trabalho da outra e, após um primeiro encontro, resolvem empenhar-se juntas para criar os chamados mangás. É uma amizade muito linda com fortes laços de afeto e com cenas mudas acompanhadas de uma encantadora trilha sonora de piano. Mas, como nada é perfeito, a Kyomoto, após concluir o ensino médio, decide cursar uma faculdade de artes enquanto Fujino trabalha profissionalmente. Assim, separam-se e uma tragédia ocorre: a universitária é morta por um insano que a acusa de plágio. Fiquei extremamente satisfeito, pois, minutos atrás, eu já tinha imaginado como seria bom se uma das amigas morresse. Uma boa morte sempre traz um bom impacto para a ficção.
Fujino, arrasada, vai para a casa da falecida relembrar os bons tempos e chorar. Nisso, ela tem um vislumbre de um universo alternativo em que as duas não têm um seu encontro enquanto ainda estavam na escola e Fujino consegue deter o assassino de cumprir sua vingança. É um final dúbio que pode ser mera imaginação ou uma ficção científica. Eu prefiro pensar na segunda opção, pois a Fujino pega uma tira desenhada pela Kyomoto alternativa e coloca na janela de seu local de trabalho, finalizando o filme com maestria.
Meu único incômodo com Look Back foram as legendas; eu amo o idioma japonês, mas ainda não o entendo muito, então preciso de uma tradução, mas a distribuidora exibiu as legendas com fonte de cor muito clara sem contornos! Ficou impossível de lê-la em certas cenas. Tive o mesmo problema com Blue Lock, que a Sony distribuiu. Espero que ouçam as críticas e melhorem isso nas próximas animações japonesas exclusivamente legendadas para o cinema.