quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Cidade do Asteroide

 Este é um Simples Comentário, para saber mais, leia a introdução.

Asteroid City

2023

EUA

O filme ocorre na década de 1950 em uma cidade fictícia do deserto norte-americano. Encenada como uma peça, a história segue uma convenção organizada para unir alunos e pais em uma competição acadêmica, até que o caos repentinamente se instala. Acontecimentos em escala global ameaçam perturbar espetacularmente o itinerário da convenção “Cadete Espacial” na pacata cidade, à medida que se desenrolam os eventos capazes de mudar o mundo para sempre.

Divulgação: Far Out

Quatro Estrelas e Meia

Maravilhoso, mas teve uma ou mais partes que poderiam melhorar

💕

Conheço o trabalho de Wes Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo, um dos melhores filmes que já vi. Recentemente também vi Ilha dos Cachorros, igualmente maravilhoso. Por isso fui ao cinema ver Asteroid City com altas expectativas; e eram foram atendidas. Infelizmente, assisti legendado, espero futuramente poder rever dublado. Eu amo ler, mas não me agrada o sotaque estadunidense; sem falar que, ao focar nas legendas, perco certos detalhes que a parte visual da obra tem; e o Wes coloca vários desses pequenos mimos visuais.

Aviso: este texto contém revelações sobre o enredo.

Este longa-metragem simula um documentário sobre uma peça de teatro escrita por Conrad Earp, um personagem fictício. Como um tipo de efeito cômico, é ressaltado durante toda a exibição que tudo no filme é fictício, principalmente pela narração de Bryan Cranston, cuja voz e interpretação fizeram-me lembrar do jogo The Stanley Parable. No começo, Bryan descreve as várias etapas que um escritor realiza, um trabalho que o próprio Wes teve, pois foi um dos roteiristas. E, sem falsa modéstia, identifiquei-me com isso. Depois, Bryan apresenta os atores da peça; a maioria não sai do papel para agir nos bastidores, um dos únicos é o protagonista, Jones Hall, que interpreta Augie Steenbeck, interpretado por Jason Schwartzman (ator real), que, como o próprio Conrad diz, está perfeito no papel, tanto na peça (Augie) como nos bastidores (Jones). Agora, um membro do elenco que não está nada bom é a superestimada Scarlett Johasson; ela não é má atriz, gostei da atuação dela em Jojo Rabbit, mas no papel errado ela é muito artificial, como nos filmes da Marvel e aqui. Apesar de o Anderson ter escrito a personagem Midge Campbell para ela, Scarlett não parece ter carisma o suficiente para interpretá-la e o resultado é uma pobre e superficial atuação, um desperdício do que ela pode fazer.

Asteroid City é dividido em atos e um epílogo. Entre os atos, ocorre as cenas nos bastidores. No primeiro ato, Augie e seus filhos (um gênio, uma vampira, uma múmia egípcia e uma fada, estas que viram bruxas mais adiante) ficam presos na cidade do asteroide, famosa pelo meteorito que caiu lá há milhares de anos. Todos os personagens são apresentados e cada um tem uma particularidade cômica; destaque para a linda professorinha interpretada por Maya Hawke, que também integra o elenco de Coisas Estranhas. Outro nome que eu não poderia deixar de citar é o de Tom Hanks, que não é o astro principal como no espetacular e brilhante Um Dia Lindo na Vizinhança, mas um coadjuvante preciso que funciona perfeitamente como o avô dos filhos de Augie, pai da falecida esposa dele. Apesar do luto, Augie começa a flertar com a atriz Midge Campbell que desnecessariamente faz uma cena pelada em frente a ele. Sem motivo aparente ela ensaia uma cena em que sai do banheiro dizendo suas falas a câmera capta seu corpo nu num reflexo de um espelho. Li que é utilizado um dublê de corpo para isso e que o diretor do filme achou isso estranho, o que me faz questionar ainda mais a existência dessa cena. Outra cena indesejada foi a do beijo entre Conrad e Jones. Por quê? Não alterou nada na história. Foi apenas um tipo de cota identitária que Anderson precisava preencher?

Para o segundo ato, o suposto evento capaz de mudar o mundo acontece: um alienígena rouba um pedaço do asteroide na frente de todos os personagens. É instaurada uma quarentena que deveria ser uma referência à pandemia da Coronavírus, mas, como tudo em Asteroid City, é motivo de piada e os personagens usam e abusam de truques para ludibriar o pessoal do exército e enviar a notícia da vida extraterrestre para todo o mundo. Nesta parte, também há mais interações entre alunos da June e ela própria, interpretada pela Maya, e avanços amorosos de pelo menos três casais. No final, quando a quarentena está prestes acabar, o alienígena volta e devolve o meteorito, o que faz o exército querer dar início a outra quarentena, mas os outros personagens se revoltam e Jones Hall sai de cena para os bastidores questionar Conrad sobre o personagem dele. Lá, passa por um ator com fantasia de ET que diz que o seu personagem é somente uma metáfora, mas de quê ele nem desconfia. Aliás, vários questionamentos são feitos durante a obra e nunca respondidos. Talvez minha inteligência não seja alta o suficiente para entender, pois achei o roteiro um tanto confuso, contudo, extremamente divertido. Não gargalhei em nenhum momento, mas dei boas risadas. No cinema, também não ouvi muitas risadas, só de um homem em uma cadeira no fundo da sala. Asteroid City é uma comédia comedida.

Para finalizar, preciso glorificar os efeitos especiais: são fantásticos! Inclusive, “a nave alienígena foi fabricada como miniaturas, e não CGI, e o alienígena é um boneco stop-motion de três metros de altura, animado por Kim Keukelerie, e baseado em uma performance de Geoff Goldblum atuando em trajes alienígenas”, como informa o IBC. Outra gloriosa qualidade do filme é sua trilha sonora; assim como outros longas do Wes, quem compôs a de Asteroid City foi Alexandre Desplat, um profissional que deveria ser mais conhecido, pois já encantou milhares de espectadores com suas músicas em diversos filmes. Também vale mencionar que em uma cena em que Augie e Midge estão conversando dá para ouvir uma melodia que lembra 16 Toneladas de Noriel Vilela.

P.S.: Li que o brasileiro Seu Jorge faz uma participação neste filme, mas não lembro de tê-lo visto. Mas talvez eu tenha o ouvido? Espero descobrir onde ele aparece futuramente.