sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Mussum, O Melhor Trapalhão

Este é um Simples Comentário, para saber mais, leia a introdução.

Mussum, O Filmis

2023

Brasil

A trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, dos Trapalhões. A infância pobre, a carreira militar, a relação com a Mangueira e o sucesso com o grupo Originais do Samba, além dos bastidores como integrante dos Trapalhões.

Cinco Estrelas

Os poucos defeitos que existem não me incomodam

💕

Minha memória mais antiga de Mussum é do filme Os Trapalhões e a Árvore da Juventude que eu via na TV. Depois disso, conheci os outros filmes do quarteto e o programa de TV dele por meio dos DVDs. E, apesar de eu adorar os outros três, o Mussum era o que mais se destacava. Seu carisma e seu humor encantaram gerações, por isso não é apenas eu que o considero o melhor trapalhão. Tanto é que a cinebiografia dele fez um belo sucesso em seu país de origem.

O filme é maravilhoso, um dos melhores que vi este ano. A escalação de elenco foi perfeita, os atores ficaram iguaizinhos àqueles que representam; em particular: Chico Anysio, Grande Otelo, Didi, Dedé e Zacarias; respectivamente interpretados por Vanderlei Bernardino, Nando Cunha, Gero Camilo, Felipe Rocha e Gustavo Nader, este já meu velho conhecido por ser um exímio dublador (mas confesso não tê-lo reconhecido ao assistir ao filme). Ailton Graça, o protagonista, está espetacular, tanto trejeitos como carisma, e os atores que interpretam Mussum mais jovem não deixam a desejar.

Baseado no livro Mussum - uma história de Humor e Samba, este filme retrata uma época mais simples, em que não existia o famigerado “politicamente correto” e que piadas não eram dignas de processo, mesmo que incomodassem. Como o apelido “Mussum” que Grande Otelo deu a Antônio Carlos, que não gostou do gracejo, mas acabou aceitando-o pela popularidade que lhe deu. Falando em politicagem, este longa-metragem não tem nenhum apelo identitário, contudo, pontua certas críticas à sociedade, como nos dizeres de dona Malvina, mãe de Mussum: “Burro preto tem um monte, mas preto burro não dá”. Essa e outras são críticas acertadas, sem precisar dar nome aos bois nem constranger o espectador.

Em geral, o filme é uma comédia, mas tem seus momentos de drama. São marcantes as cenas de Malvina e seu filho, a perda do primeiro filho de Carlinhos e a cena final em que ele fala com alunos da Mangueira um discurso encorajador. Se posso reclamar de algo, é a trilha sonora: a música é ótima, samba da melhor qualidade, mas não precisava ser tão onipresente ao longo de toda a película. Até atrapalha a imersão a certas cenas emocionantes, quando deveria tocar algo mais leve.

Também gostaria de mencionar meu desconhecimento de certas partes da vida de Antônio Carlos, como ele trabalhando na aeronáutica e seu trabalho com Chico Anysio na Escolinha do Professor Raimundo: foram gratas surpresas e me deu vontade de ler o livro que inspirou esta produção, é óbvio que deve ter mais curiosidades fascinantes lá. Uma coisa que eu senti falta foi não mostrarem nada dos filmes dos Trapalhões, apesar de terem mostrado cenas do programa televisivo. E, nas informações pré-créditos, erraram ao escrever que o humorista participou de 40 filmes. Na verdade, não foram nem 30. Mas que já é muito, convenhamos, não precisava inflar. No mais, espero que a bilheteria deste longa incentive os produtores a fazerem um filme com o Zacarias como protagonista, o segundo melhor Trapalhão.